domingo, 2 de maio de 2010

Triple Bottom Line

22/04/2010 - Cabeça de Líder - Cesar Souza
Falta o essencial no “Triple Bottom Line”

Ainda falta para as empresas a capacidade de desenvolver líderes em todos os níveis, não apenas no topo
Muito se fala do Tripé da Sustentabilidade: o pilar econômico-financeiro, o Social e o Ambiental. No meu modo de ver, falta o quarto e principal componente: a capacidade de desenvolver líderes em todos os níveis, não apenas no topo. Estou convencido que as empresas vencedoras nessa nova época serão aquelas que souberem montar verdadeiras “Fábrica de Líderes”. A sobrevivência – ou se preferir, a longevidade, a perpetuidade, a sustentabilidade a longo prazo das empresas – será diretamente proporcional à sua capacidade de desenvolver líderes de qualidade, além de serem capazes de oferecer produtos ou serviços de qualidade. Líderes eficazes, repito, não apenas gerentes eficientes.
Ao longo da minha carreira tenho tido a oportunidade de conviver com vários líderes inspiradores em diversas partes do mundo. São líderes – homens e mulheres, alguns bastante jovens – diferenciados, notáveis, mesmo aqueles que são anônimos por não ocuparem cargos nem posição social de destaque. Mas exercem a liderança de forma muito competente.
Inspirado pela convivência com alguns desses líderes de carne e osso, e baseado na minha própria prática de quase três décadas, nos últimos anos tenho concebido e coordenado alguns Programas de Desenvolvimento de Líderes bastante diferenciados dos tradicionais cursos e seminários institucionais oferecidos sobre o tema. Ao lado dos meus colegas e sócios da Empreenda, tenho me empenhado em desenvolver Líderes 2.0, um tipo de líder inspirador, muito diferente daquele Líder 1.0 que encontramos com freqüência muito maior.
Esse novo tipo de líder se destaca por reunir cinco características ou as Cinco Forças do Líder Inspirador:
Define com clareza o Rumo, o Propósito Comum
O Líder 2.0 oferece às pessoas aquilo que mais desejam: uma bandeira, uma razão para suas vidas. Acreditam que as pessoas estão dispostas a oferecer o melhor de si e até mesmo a fazer sacrifícios, desde que se identifiquem com uma Causa, um Porquê para o seu cotidiano.
Valoriza a estrela que existe nos outros
O Líder 2.0 não se satisfaz em ter atrás de si um grupo de pessoas seguindo fielmente o rumo traçado e recompensado pela sua lealdade. É aquele que tem em torno de si pessoas capazes de exercer a liderança quando necessário. Cria mecanismos, atitudes e posturas que estimulam o desenvolvimento do líder que existe dentro de cada um com quem convive. Forma, assim, outros líderes, seu maior legado para o futuro da organização.
Cuida do todo não apenas da parte
O Líder 2.0 atua onde faz diferença. Não comanda apenas uma equipe de subordinados dentro das paredes de uma empresa. Exerce a liderança também “fora”, para cima e para os lados: lidera clientes, parceiros, comunidades e influencia chefes, colegas e acionistas.
Faz mais que o combinado
O Líder 2.0 não é aquele que apenas chega aonde anunciou antes. Não basta cumprir metas. É aquele que surpreende pelos resultados incomuns que obtem de pessoas comuns. Sabe compatibilizar o hoje com o amanhã. Garante o presente enquanto constrói o futuro.
Inspira pelos valores
O Líder 2.0 constrói um mapa de atitudes em torno de valores que são explicitados, disseminados e praticados. Cria um clima de ética, integridade, confiança, respeito, transparência, aprendizado contínuo, inovação, paixão e humildade. Educa pelo exemplo. Prima pela coerência entre o que diz e o que faz. Lidera a si mesmo antes de pretender liderar os outros.
E você? Quais desses pontos você já pratica? Quais precisa praticar mais? Temos de evitar atuar no novo jogo da liderança usando a velha forma de pensar que nos prende ao passado.
Que essas provocações possam motivá-lo a se transformar em um Líder 2.0, “abandonando as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecendo os velhos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares”, como nos ensina os bonitos versos do grande poeta da língua portuguesa, Fernando Pessoa.
César Souza (Presidente da Empreenda, empresa de consultoria em estratégia, marketing e recursos humanos, além de autor e palestrante)
HSM Online
22/04/2010

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pela ótima empregabilidade

20/03/2009 - Gestão de Pessoas - Robert Wong

Antes de qualquer coisa, posso afirmar que não existe o "emprego perfeito", mas, sim, o mais adequado ou "ótimo" para você.

Algumas pessoas consideram que ótimo emprego é o que proporciona os maiores ganhos financeiros ou materiais, status, poder, exposição ou crescimento profissional. Nada poderia estar mais distante da verdade. Um ótimo emprego, na minha definição, inclui os seguintes pontos, ou a maioria deles. Pense nisso quando avaliar o emprego que deseja ou o que já possui:

1. Utiliza suas reais competências, baseadas no auto-conhecimento.

2. Possibilita sua evolução, aprendizado e crescimento como um todo.

3. Faz você se sentir realizado profissionalmente e o aproxima cada vez mais da sua vocação (palavra que vem do latim vocare, que significa "chamado" ou "voz interna") e da sua missão.

4. Eleva sua autoestima, os sentimentos ou sensações positivas de bem-estar e lhe permite executar seu trabalho com equilíbrio.

5. Proporciona um ambiente de trabalho onde reina o coleguismo e teamwork, mas que respeita e admite a expressão das suas características próprias e do seu talento.

6. Oferece compensação, como salários, benefícios, bonus e outras formas de reconhecimento, baseada em meritocracia, senso de justiça e transparência.

7. Tem um job content, ou descrição do trabalho, que potencializa e otimiza suas qualificações, competências, aptidões, dons e talentos.

8. Apresenta dentro da empresa uma cultura adequada e compatível com os seus valores, crenças e identidade social.

9. Possibilita a você ter "química" com o seu chefe, ou pelo menos identificação ou compatibilidade de personalidades, mas, principalmente, respeito mútuo.

10. Acredita que a felicidade ajuda a trazer resultados, em vez de o resultado trazer a felicidade.

11. Permite a você a sensação de "pular da cama toda manhã" e saia de casa para trabalhar integralmente como indivíduo, que significa um ser "não-divisível", com o seu corpo, mente e alma juntos.

12. Confere-lhe condições para você ser uma pessoa mais proativa do que reativa.

Embora muitos de nós estejamos cientes, de um modo ou de outro, desses pontos, posso afirmar que a maioria dos empregos é obtida de uma forma reativa, não necessariamente tendo esses critérios como fatores de escolha. Ao analisar qualquer currículo, posso facilmente verificar que a maioria dos empregos citados foram obtidos por meio de anúncio de jornal, por indicação de um amigo, convite de um ex-chefe ou via headhunter. Em outras palavras, uma oportunidade foi apresentada, provocando uma reação do candidato. Se reagiu, é reativo. É muito raro alguém proativamente ir atrás do emprego que melhor condiz com suas habilidades, momento e vocação. Quantas pessoas você conhece que escolheram efetivamente a empresa, a posição, o chefe e a remuneração de forma proativa? Essa é a diferença entre ir atrás do emprego (reativo) e ir atrás da sua empregabilidade (proativo). Empregabilidade significa você investir nas habilidades, competências e qualidades que você tem, aperfeiçoando-as, a fim de melhorar suas condições de competitividade na hora de procurar um novo emprego ou de crescer no seu atual. É um investimento em você mesmo - técnica, comportamental, visual, intelectual, cultural e pessoalmente - para apresentar-se da melhor forma possível. Em outras palavras, é você proativamente mostrar ao mercado, ou ao seu atual superior, o que você tem de melhor para oferecer. Foque mais a empregabilidade do que o emprego!

Seja proativo, pois isso vai fazer uma imensa diferença!

Gestão de pessoas

14/04/2009 - Gestão de Pessoas - Robert Wong
É tempo de atitude
Crise é transformação. Encare-a como um desafio e, com atitude proativa, abra oportunidade para o novo.

É fato que estamos vivenciando um momento de crise. Não se ouve falar e não se vive outra coisa. No entanto, a crise pode ser devastadora se vista como um problema. Contamina o dia-a-dia, o pensamento, a esperança, a atitude das pessoas nelas envolvidas. E, por fim, a realidade que está sendo criada a cada instante. Mas, então, como encarar esse momento?

Vejamos. Até pouco tempo vivíamos um clima de euforia, com bolsas em alta, consumo desenfreado e capital abundante. Era de se esperar que as coisas fossem dar uma reviravolta, pois o pêndulo chegou ao seu ponto mais alto, natural e esperado que ele fosse retornar para o outro extremo. Em um movimento natural pela procura do próprio equilíbrio.

A natureza nos ensina esta valiosa lição, pois ela sempre anseia o estado de equilíbrio. Então, não será este um momento de transformação para a busca do equilíbrio? Não será isso um desafio para buscarmos novas oportunidades e criarmos uma nova realidade?

A diferença está na atitude. Atitude é a reação ou postura que adotamos frente aos acontecimentos ou situações. Se enfrentarmos os desafios de maneira negativa, criaremos um problema real. Problemas são resultados de desafios em que assumimos uma postura reativa e não proativa. Caso você encare o desafio com atitude positiva, você cria uma oportunidade.

Os desafios, em sua maioria, fogem ao nosso controle. No entanto, a atitude está sob o nosso controle. Há um ditado que diz o seguinte: “Existe uma pequena diferença entre as pessoas, mas essa pequena diferença faz uma grande diferença. A pequena diferença chama-se atitude. A grande diferença é se ela é negativa ou positiva!”

Como a saúde, a qual só damos valor geralmente quando a perdemos. Zele, invista e valorize o seu emprego – enquanto você o tem. É sempre bom relembrar que a melhor época para cuidar da sua salubridade é quando você está com saúde.

Igualmente, a melhor época de cuidar da sua empregabilidade é quando você tem um emprego. Inclusive há uma diferença imensa entre emprego e empregabilidade, pois procurar emprego é você reagir perante o que o mercado tem de melhor para lhe oferecer, enquanto que trabalhar a sua empregabilidade é você investir em si próprio e assim mostrar ao mercado o que você tem de melhor para oferecer. Você passa de uma postura reativa para uma postura proativa. Que diferença!

Encare o momento como um desafio. É tempo de atitude. Aproveite este período de para investir em si próprio, retomar seus contatos e trabalhar o seu autoconhecimento que vai gerar a autoconfiança, a característica mais essencial para o sucesso. Tenha atitude proativa e dê o melhor de si, realizando todo seu potencial e criando oportunidade para o novo.

Por Robert Wong (autor dos livros “O Sucesso Está no Equilíbrio” e “Super Dicas para Conquistar um Ótimo Emprego” e um dos palestrantes mais inspiradores e requisitados do mercado)
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Magia da Gestão

20/03/2009 - Magia da Gestão - Carlos Alberto Júlio
Porque a teoria, na prática, funciona
Por que não repetir os modelos de sucesso em vez de tentar reinventá-los?
A tentação de reinventar a roda é sempre muito grande. Quem não quer deixar sua marca na organização com novos produtos, processos ou estratégias? É evidente que as boas inovações geram lucros expressivos. Afinal, tendemos a pagar mais pelo novo, pelo inusitado e pelo exclusivo. Aliás, vale definir o que é inovação. Trata-se de um produto ou serviço cujo valor no mercado excede seu valor intrínseco. Isso quer dizer que o cliente aceita pagar um prêmio pela novidade. Portanto, a inovação valerá, se puder seduzir seu público-alvo. Nem só de inovações, entretanto, vive o mundo dos negócios. A continuidade, o volume e a escala ainda são fatores determinantes da competitividade. Eis aí a questão: inovar muito, inovar pouco ou não inovar? Neste meu primeiro artigo da coluna Magia da Gestão, do Portal HSM Online, inicio uma reflexão sobre o mundo dos negócios. Há quem valorize preferencialmente a prática, isto é, a ação transformadora, a operação e a obtenção de resultados. Normalmente, esta é a visão predominante das pessoas corajosas, capazes e empreendedoras. Excelente! Se todos os empresários brasileiros seguissem esse paradigma de conduta, aceleraríamos ainda mais rumo ao desenvolvimento. No entanto, essa energia realizadora frequentemente é desperdiçada pela falta de conhecimento da teoria, seja no start-up empreendedor, no estabelecimento de uma política de recursos humanos, na administração financeira, no sistema de vendas e distribuição, no marketing ou na comunicação com fornecedores e clientes. O conhecimento da teoria e de suas aplicações auxilia tremendamente as decisões do dia-a-dia. Reduz a taxa de erros, enquanto eleva a de acertos. Dessa maneira, encontramos uma chave para o problema. Inovar é necessário, sim, sempre. Mas a inovação inteligente depende de uma consulta aos casos de sucesso e aos saberes cientificamente organizados, isto é, à teoria. A inovação pode constituir-se, por vezes, no simples aprimoramento de algo já existente. Os produtos da revolução digital são exemplo inequívoco dessa tendência. Mágica ou magia? A ciência da administração não tem mais do que cem anos. Ainda que jovem, é abrangente o bastante para apontar os caminhos e práticas que garantem lucratividade e longevidade às empresas. Estudar suas ferramentas teóricas permite ao gestor prever problemas, detectar oportunidades, inovar, andar mais rápido e crescer. No mundo da gestão, não há mágica, mas há magia. Não é um ambiente de truques. Mas é encantador liderar pessoas, criar valor e aperfeiçoar a sociedade por meio da oferta de melhores produtos e serviços. Nas próximas semanas, nesta coluna, mostraremos que a administração dos negócios nunca será uma ciência exata. Ao contrário, hoje sabemos que gerir é uma tarefa contingencial: não há regras fixas, nem soluções únicas para cada problema. Assim, conhecer os erros e acertos do passado, de grandes e pequenas companhias, de empresários fracassados ou vitoriosos, é fundamental para quem precisa decidir com segurança. Como ensina Peter Senge, criador do conceito de Learning Organization, o processo permanente de aprendizado nas companhias exige atenção aos ventos da transformação, diálogo e pensar compartilhado, ou seja, a reflexão sobre a teoria demanda a iniciativa e o entusiasmo de gestores e também de seus grupos de trabalho. De modo cooperativo, as mentes podem converter a teoria em ferramenta sempre atualizada, moldável à solução de problemas ou ao aproveitamento de oportunidades. O compromisso de Magia da Gestão será mostrar que a teoria, na prática, funciona, desde que você a conheça e saiba utilizá-la como guia para a ação transformadora. Vamos experimentar? *Carlos Alberto Júlio é presidente da Tecnisa e membro dos conselhos da HSM e da Camil Alimentos; julio@carlosjulio.com.br.

A arte de planejar

Organizar tarefas é um dos segredos da excelência na gestão do tempo. Contudo, as demandas variam de acordo com os prazos. Descubra quais são os tipos de planejamento ideal para cada necessidade e aprenda como colocá-los em prática

Daniel Junqueira/MBPress
Uma boa forma de controlar o tempo no ambiente de trabalho é fazendo um bom planejamento. Organizar as tarefas, tanto diárias quanto semanais, além das metas mensais e anuais, pode ajudar a economizar horas e contribui para alcançar os objetivos traçados ao longo dos períodos.

Em seu livro “A Tríade do Tempo”, o consultor Christian Barbosa sugere que o planejamento comece pelo plano de longo prazo, passe pelo médio e termine no curto prazo. "A cada período, o nível de detalhamento é mais específico e subordinado às definições anteriores", explica. "É como se fosse um funil: todas as necessidades são colocadas pelo bocal e saem, pela outra ponta, com um foco definido.”

Na opinião do diretor executivo do Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual (Insadi), de São Paulo, Dieter Kelber, todo bom planejamento deve ser feito de acordo com as metas a serem atingidas. "Se eu tenho de vender cinco trabalhos de consultoria em um mês, devo planejar uma agenda para isso", exemplifica. “Contudo, para eu ter planejamento do tempo, preciso organizar as minhas atividades.”

De fato, o segredo está justamente no planejar. Para tanto, o fator tempo é primordial para que tudo saia conforme o previsto. Demandas e prazos devem ser cuidadosamente analisados.

Apesar de menos comentado nas metodologias de gestão do tempo, o planejamento anual é de suma importância. Isso porque ele direciona a organização e facilita as tarefas de curto prazo. Para elaborá-lo, a dica é reservar uma ou duas horas do dia. Revisá-lo ao menos uma vez no ano também é fundamental.

Já o planejamento do tipo mensal, para apresentar resultados efetivos, deve ser feito em dois passos: primeiramente, com a revisão do mês anterior, quando tudo o que foi feito nos últimos 30 dias deve ser avaliado e o que ficou pendente ou inacabado deve ser colocado no mês que se inicia; por fim, com a revisão das metas conectadas, das quais são selecionadas algumas das previstas para decorrer do ano.

Por mais estranho que soe à primeira vista, o planejamento diário não tem a importância que parece ter. “Esse modelo é extremamente reativo e propício ao aparecimento de urgências e circunstâncias ao longo do dia. Além disso, é bem provável que nenhum compromisso ou tarefa realmente importante tenha sido incluída nessa lista”, avalia Christian Barbosa.

No lugar do diário, o especialista sugere destaque ao planejamento semanal. Segundo ele, esse é o mais importante de todos. "De nada adianta ter um belo plano anual ou mensal sem que as ações sejam postas em prática no presente”, diz. “O planejamento semanal é uma forma de economizar horas do seu dia-a-dia e uma das ferramentas mais poderosas na administração pessoal.”

Para Dieter Kelber, executivo do Insadi, a hierarquia no ambiente corporativo também influencia na elaboração dos tipos de planejamento. "Quanto maior o meu posto, mais atividades eu tenho e mais complexas elas são. Assim, meu planejamento tem de ser preciso, e meu tempo fica cada vez mais escasso", conclui.

Comunique-se bem e ganhe tempo

Falhas na comunicação interna de uma empresa, seja ela pequena, média ou grande, pode afetar funcionários e abalar resultados. Faça a informação fluir e vença o duelo contra o relógio em prol da produtividade

Talita Boros/MBPress

Dentro de uma corporação, muitas das informações geradas na diretoria não são transmitidas de forma eficaz para o restante dos colaboradores. Com intenção ou não, a maior parte dessas notícias gera impacto direto na vida dos funcionários. Quando não são divulgadas de forma adequada, tais informações podem até causar transtornos.

A perda de tempo para reverter situações críticas, provenientes de um boato criado dentro de uma organização, pode comprometer a produtividade e gerar conflitos. Uma boa saída – ou a única – para evitar esse tipo de problema é investir em comunicação interna.

Composta por processos de troca de informações dentro de um ambiente de trabalho, essa prática é responsável por fazer circular o conhecimento de forma vertical (da diretoria para os empregados) ou horizontal (entre funcionários do mesmo nível de subordinação).

Existem diversos instrumentos que favorecem o êxito da circulação das notícias dentro de uma empresa. Publicações impressas (jornais, revistas e boletins), jornal mural, intranet e newsletters são alguns exemplos. Aliados a um bom planejamento empresarial, eles são verdadeiras ferramentas estratégicas para aumentar a confiabilidade entre funcionários e líderes e auxiliar na otimização do tempo nas tomadas de decisões.

Segundo Paulo Nassar, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e diretor geral da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), atualmente, na sociedade do conhecimento, o funcionário é a própria audiência da empresa. “Neste quadro, para ser eficiente, a comunicação interna deve trabalhar informação selecionada, interpretar essa informação e, a partir da seleção e interpretação, gerar opinião qualificada”, aponta.

A comunicação interna tem grande importância para o bom andamento do trabalho nos diversos setores de uma empresa. Quanto mais informados acerca do cotidiano da corporação onde atuam estiverem os profissionais, mais eles estarão envolvidos com a missão da empresa e, conseqüentemente, a produtividade será cada vez maior. Assim como o aproveitamento do tempo, antes dispensado em conflitos gerados pela falta de informação.
Ana Carolina Martins Costa, coordenadora de Recursos Humanos e responsável pela comunicação interna da empresa curitibana Kabel, montadora de cabos elétricos, afirma que os funcionários abraçam muito mais a causa quando sabem a que fim ela se destina.
Outro fator importante a se considerar é a função da comunicação interna em capacitar funcionários para novos desafios. Com o mercado altamente competitivo, a globalização e as novas tecnologias, todos os colaboradores de uma organização têm de estar aptos a obter os melhores resultados no menor tempo possível. Seguindo essa tendência, a comunicação interna deixa de ser algo periférico para se tornar ferramenta imprescindível na relação da produtividade com o tempo. “A comunicação sempre foi um problema a ser trabalhado em grande parte das empresas, pois uma ação eficaz reduz esforços e aumenta a produtividade”, defende Ana Carolina. “Muito tempo se perde por não se ter uma informação ou se faz errado por não saber o que fazer. Portanto, a comunicação está diretamente ligada à produtividade e ao ganho de tempo.”
Por muitas vezes ignorarem a causa dos “ecos de comunicação”, provenientes da falta de informação adequada, muitas corporações acabam perdendo tempo e dinheiro tendo de investir em treinamentos, palestras e reuniões intermináveis a fim de abrandarem as conseqüências desses conflitos. Para o professor Nassar, da USP, investir em comunicação significa, entre outros benefícios, economia de tempo. “O único caminho para evitar o conflito é o diálogo. Empresas que não dialogam são empresas analfabetas de um mundo extremamente relacional”, conclui o especialista.

Você não tem tempo para nada?

Então ache um minuto para ler isto
Por Alessandra Fontana

Ponto de partida

Você esqueceu o aniversário do filho, o telefone não pára de tocar, sua secretária está lhe pedindo um documento e um cliente espera, há horas, sentado na sua frente. Seu dia precisava ter 72 horas? Então, seja bem-vindo ao imenso grupo dos que não sabem administrar o tempo.

Antonio Carlos Rodrigues de Moraes, autor do livro Combatendo o Inimigo - Aprenda a Evitar o Stress e Gerenciar seu Tempo (Editora Gente), recomenda: "Planeje seu dia, sua semana e encontre o momento exato para fazer as coisas". Parece o óbvio do óbvio, mas pouca gente sabe priorizar atividades. "Não dá para fazer tudo? Então elabore uma seleção e elimine o menos importante", aconselha Alvaro Esteves, autor de Uma Questão de Tempo (Editora Objetiva).

Uma das vilãs do desperdício de tempo é a procrastinação - o velho e mau hábito de empurrar tudo com a barriga. A equipe do Employer-Employee (www.employer-employee.com), que divulga idéias para empregadores e empregados na Internet, isolou alguns dos vírus da procrastinação. Veja se alguns destes sintomas lhe são familiares (e anote alguns antídotos que podem acabar com esse mal... a tempo).

Perfeccionista

A vontade de fazer um trabalho sempre excepcionalmente bem-feito é tamanha que ele perde o tempo em estudos e preparações e acaba fazendo tudo só na ultimíssima hora.

Antídoto:estabeleça dois prazos finais e use o espaço de tempo entre um e outro para dar "aquele" acabamento.

Fantasioso

Este é um sujeito sensacional para ter idéias, mas um fiasco na hora de concretizá-las. Pode funcionar ao lado de outros mais ativos, mas sozinho é um problema.



Antídoto: fale menos sobre suas idéias aos outros do que a si mesmo e antecipe o prazo de finalização, de maneira a usar esse tempo extra para tornar o trabalho ainda maior e mais criativo.

Medroso

Quando uma tarefa ou projeto pousa na mesa dele, o mundo cai. O medo de tomar o caminho errado ou de chocar alguém com sua decisão o transforma numa estátua paralítica.

Antídoto: use recursos simples de neurolingüística, como dizer a si mesmo "Vai, vai" diante da primeira e de todas as outras sensações de medo que sentir no trabalho.

Criador de crises

Ele só funciona no último minuto e sob pressão, quando o prazo está estourando e os colegas da equipe já estão arrancando os cabelos. Não move uma palha enquanto não ouvir o alarme. Pode até alcançar alguma genialidade, mesmo a 1 minuto do tempo regulamentar. Mas, a essa altura, já está precipitando todo mundo numa loucura que deveria ser só dele.

Antídoto: crie um plano pessoal de recompensas regado a adrenalina -comoaventuras de mountain biking ou rafting - para forçar-se a terminar tudo rápido e daí cair na estrada.

Raivoso

Mistura as obrigações do trabalho com os sentimentos que tem em relação a outras pessoas envolvidas no processo. Então, ou não faz o trabalho a tempo, ou faz, mas tudo errado, transbordando de raiva.

Antídoto: tente encontrar algo de muito recompensador no trabalho, foque nisso e, ao final, deixe claro a seus superiores que ficou bastante satisfeito enquanto o realizava.

Faz-tudo

Também conhecidíssimo, este pega várias coisas para fazer e depois, claro, não consegue dar conta de quase nada. A desculpa é sempre a mesma: "Não deu, sabe, estou meio atolado..."

Antídoto: priorize tarefas e aprenda a dizer não. Melhor ainda: N-Ã-O!

Caça-prazeres

O nome diz tudo. Ele não termina o trabalho porque acredita, francamente, que há outras coisas mais prazerosas para fazer. Entre escolher um enrosco daqueles e uma delícia logo ali, ele não titubeia, fica só na mamata.

Antídoto: troque o que você entende como "sofrimento" por "inconveniência temporária". Depois pense o quão satisfeito e feliz você vai ficar quando a tarefa estiver totalmente resolvida.

Os dez mandamentos do e-mail

Por Alessandra Fontana

Você liga o computador. Lá estão 183 mensagens endereçadas a você, sendo umas 60 urgentes. Não desanime. Para ajudá-lo a lidar com um correio eletrônico entupido - e também para que você não entupa os e-mail alheios - eis algumas dicas da revista Harvard Communications Update:



1. Separe, pelo título, o que é importante e delete o que é clara perda de tempo. Mas isso não significa chacinar mensagens. Coloque-se no lugar das pessoas. Se a falta de resposta for magoá-las, não delete


2. Separe e leia mais tarde as mensagens particulares



3. Há certas coisas que devem ser ditas em vez de escritas. Se o assunto for importante ou complicado, diga ao vivo



4. Às vezes, mensagens se perdem ou não se abrem. Não mande e-mails com documentos anexados. Deixe o maior número de informações à disposição na Internet ou na rede interna da empresa



5. Elogiar por escrito é frio; é quase um não-elogio. Mas o pior (chega a ser covardia) é repreender ou demitir alguém por e-mail



6. Tenha uma lista de endereços e nunca a delete. A Terra gira. Nunca se sabe quando você pode precisar ou ser útil a alguém



7. Uma legião de pessoas sem ter o que fazer envia uma infinidade de piadas ou correntes por correio eletrônico. Jamais passe alguma adiante



8. Não espalhe fofocas ou boatos por e-mail. A "prova do crime" fica registrada e pode ser usada contra você



9. Por seu alcance, o e-mail é muito usado como mural para causas políticas, ecológicas etc. Antes de remeter um e-mail "engajado", faça o teste: você diria isso pessoalmente a alguém? Se a resposta for sim, talvez esteja na hora de fundar uma ONG. Se não, desista



10. Se a mensagem não for urgente, guarde e releia no dia seguinte. Se já não parecer importante, jogue no lixo. Isso evita aborrecimentos no presente e arrependimentos no futuro

Vamos ter cada vez mais ócio

É o que diz o sociólogo italiano Domenico De Masi. O problema: não sabemos como administrar o tempo livre

O sociólogo italiano Domenico De Masi trabalha nove meses por ano. Nos outros três, descansa numa cidadezinha na Costa Amalfitana, no sul da Itália. Um arranjo perfeito? Ainda não, segundo De Masi. O perfeito, na sua opinião, seria fazer o contrário: gastar nove meses lendo, ouvindo música, conversando com amigos - e trabalhar só nos três meses restantes. Fantasia? Nem tanto, sustenta ele, se houvesse mais racionalidade no ambiente profissional e na maneira como produzimos. De Masi é um especialista em sociologia do trabalho. Segundo ele, na era pós-industrial (a do próximo século) vamos ter cada vez mais ócio e menos trabalho. O problema, segundo De Masi, é que não sabemos usar direito nosso tempo livre. "Nenhum executivo precisaria trabalhar mais do que 5 ou 6 horas por dia", diz. "Só fica no escritório porque não sabe o que fazer fora dele."

Foi com idéias como essas que De Masi, numa recente passagem pelo Brasil, despertou intenso interesse de todos os que tiveram oportunidade de ouvi-lo - a partir de uma entrevista apresentada no programa Roda Viva, da TV Cultura, na primeira segunda-feira de janeiro. O sucesso foi tanto que a emissora, a pedido dos telespectadores, reprisou-a na semana seguinte. Mais de 1 000 pessoas compraram a fita de vídeo com a íntegra da entrevista. Quem conseguiu comprar seu exemplar da fita, distribuiu cópias para os amigos, parentes e vizinhos. A entrevista coincidiu com o lançamento do primeiro livro de De Masi no Brasil. A primeira edição de A Emoção É a Regra, da editora José Olympio, esgotou nas livrarias. Uma nova edição precisou ser providenciada às pressas. De Masi é professor titular de sociologia do trabalho da Universidade de Roma La Sapienza. O que você vai ler a seguir é um resumo de algumas de suas principais idéias, apresentadas no programa da TV Cultura.



NUNCA VIVEMOS TÃO BEM

Tenho muitos amigos intelectuais que às vezes dizem que queriam ter vivido no século 18, ou na época dos gregos, ou na época dos romanos, ou no Renascimento. Creio que esses amigos se iludem. Há 20 ou 30 anos, bastava ter uma dor de dente para que isso fosse uma grande tragédia. Acho impossível não sermos otimistas em uma situação como a atual. Pensemos um pouco nos dados. Em 800 gerações, desde o homem de Neandertal até nossos avós, a média de vida humana girou sempre em torno de 29 a 30 anos, ou cerca de 262 800 horas. Nossos bisavós viviam 32 anos (os homens) e 33 anos (as mulheres). Hoje, em apenas duas gerações, temos uma média de vida de 79 anos, no caso dos homens, e 82 anos, no das mulheres.

Desde sempre o ser humano esperou trabalhar o menos possível, ser o mais rico possível, se cansar o menos possível, sofrer o menos possível. Tudo isso ainda não foi atingido, mas estamos no caminho certo. Creio que, graças ao progresso tecnológico e científico e à globalização, vê-se finalmente uma luz no fim do túnel. Houve pouco progresso humano em 80 milhões de anos. Depois, na Mesopotâmia, há 7 000 anos, o progresso foi extraordinário: descobriu-se a escrita, a economia, a moeda, a astronomia... Em Atenas, na era de Péricles, havia 40 000 homens livres, 20 000 estrangeiros naturalizados e 350 000 escravos. Cada homem livre, em Atenas, tinha entre escravos, esposas e donas de casa, oito ou nove pessoas à sua disposição. Hoje, para fazer o que essa gente toda fazia, temos lava-louças, máquinas de lavar, elevadores, telefones...



BUROCRACIA E CRIATIVIDADE

As tecnologias que hoje temos à nossa disposição substituem o trabalho. Isso significa que resta ao ser humano o monopólio do trabalho criativo. Mas criatividade é o oposto de burocracia, porque é a fantasia aliada à realização. Realização sem fantasia gera burocratas. Portanto, burocracia e criatividade são opostos. O mundo atual precisa dos criativos, e já os premia. Os atores, os criadores de moda, os cientistas, os artistas são muito mais cortejados e gratificados que os executivos. Estamos num mundo em que reduz-se progressivamente a tarefa executiva, que é delegada às máquinas, e diminui-se o espaço dos burocratas.

Por sua própria vocação, os burocratas são sádicos. Um burocrata é feliz quando pode matar as idéias dos criativos. O burocrata é feliz ao poder dizer a frase: "Lamento, mas venceu o prazo". É a frase que maior orgasmo proporciona aos burocratas. O burocrata vê os limites, ao passo que o criativo vê as oportunidades e transforma até vínculos em oportunidades. Enquanto o burocrata tem razão nove vezes em dez, o criativo erra nove vezes, mas, quando acerta uma vez, está abrindo novos caminhos para a humanidade. Na sociedade pós-industrial haverá cada vez menos lugar para os burocratas. A criatividade e a estética determinam nossa felicidade. Os burocratas determinam nossa infelicidade.

POR QUE OS GÊNIOS SÃO GÊNIOS

A criatividade resulta de fantasia e realização. Acontece que é difícil encontrar alguém muito fantasioso, criativo e efetivo ao mesmo tempo. Quando ocorre, temos um gênio. Michelangelo foi um gênio. Não porque inventou a cúpula de São Pedro. Mas porque, após desenhá-la, aos 72 anos, convenceu o papa a financiar seu projeto, achou os escultores e os carpinteiros, e os dirigiu - eram 3 500 pessoas - por 20 anos, até a sua morte. Não havia apenas fantasia, mas uma grande realização.

É difícil, portanto, encontrar gênios. Mas será que é possível criá-los? Na minha opinião, podemos desenvolver a criatividade coletiva, gerada por grupos em que uns têm maior fantasia e outros, maior capacidade de realização. Veja o meu caso: com certeza, sou fantasioso e pouco realizador. Se não fosse assim, eu seria muito rico. Mas o fato de eu ser sobretudo um homem fantasioso não é positivo. Positivo seria ser fantasioso e realizador ao mesmo tempo. Para se tornar criativo, um grupo deve ter diversidade de classes sociais, não pode ser acadêmico nem burocrático. E deve ter o espírito de luta e desafio. Deve ter também um forte senso estético.

Quando eu era mais jovem, pensava que todos podiam ser educados para ser gênios. E perdi talvez um pouco de tempo a mais com colaboradores que não tinham essas possibilidades. Eu os estimulei demais, exigindo o que não tinham. Depois entendi que devemos ser mais realistas, e que só podemos ter de cada colaborador aquilo que ele pode dar. Não é justo baixar o nível de estímulos, mas também não é justo exigir demais.



BASTAM 5 OU 6 HORAS DE TRABALHO

O progresso, tecnológico e organizacional, permite a produção de maior número de bens e serviços com menos trabalho humano. De um lado, isso determina que, fora da empresa, o desemprego pode aumentar. De outro, dentro da empresa, determina um fenômeno que chamo de "horas extras". Qualquer executivo hoje, após 4 ou 5 horas de trabalho, poderia ir embora para casa. Mas essas pessoas se acostumaram a ficar somente no escritório - e acabam fingindo, para elas mesmas, que têm muito trabalho. Concluí há pouco uma pesquisa com 11 empresas italianas. O resultado foi que os executivos (não falo do alto escalão, mas do médio) poderiam fazer tudo o que fazem em, no máximo, 5 ou 6 horas por dia. Todos poderiam ir embora depois disso. Mas ficam até o fim do expediente e, muitas vezes, até depois - ou seja, fazem "horas extras". O que os executivos realizam nesse tempo em que ficam a mais na empresa? Duas coisas: fazem reuniões, geralmente inúteis; e criam normas para os outros.

Estou dando consultoria a uma grande empresa italiana do ramo metal-mecânico. Tenho reuniões mensais com o presidente e com seus dez maiores colaboradores, e todo mês passo a eles uma lição de casa. Cada um deve trazer às reuniões duas normas a serem eliminadas. Resultado: são eliminadas 22 normas a cada reunião. Apesar de já termos suprimido mais de 200 regras, ainda existem muitas que arruinam a vida da empresa. As normas e as horas extras, quase sempre se destinam a permitir que os executivos "façam companhia" aos chefes. As horas extras geram muita tristeza nas empresas. Os executivos felizes são raros. E, muitas vezes, se convencem de que o dever da empresa não é a felicidade dos funcionários. Observei que as que têm mais êxito são as empresas com funcionários mais felizes, pois onde são mais felizes são mais criativos - e, portanto, mais eficientes.



PREPARAR O TEMPO LIVRE

O futuro é feito sobretudo de tempo sem trabalho. Nossos avós viviam 300 000 horas e trabalhavam 120 000 horas. Nós vivemos 700 000 horas e trabalhamos no máximo 70 000 horas. Enquanto nossos avós trabalhavam metade da vida, nós trabalhamos um décimo. Entretanto, a escola e a família só nos preparam para o trabalho - não nos preparam para o tempo livre. Ninguém nos diz como escolher um filme. Ninguém nos diz como escolher uma ópera. Ninguém nos diz o que ouvir nem como ouvir música. Ninguém nos ensina a curtir as pessoas. Por isso, o executivo que fica 10 ou 12 horas por dia no escritório leva trabalho para casa quando sai para o fim de semana. Sim, porque não sabe fazer mais nada. Muitas vezes, no verão, na praia, ele liga para o escritório para ter notícias do trabalho. É obcecado pelo trabalho. E depois, aos 55 ou 60 anos, é mandado embora. Mas, por causa dos avanços da medicina, essa pessoa ainda vai viver mais 20 ou 30 anos. Só que não sabe o que fazer.

Na minha opinião, a velhice não se calcula em relação ao nascimento, mas em relação à morte. Ou seja, somos velhos, mesmo, só nos últimos dois anos de vida. Quando o homem vivia 50 anos, ficava velho aos 48. Mas hoje, que vive 80 anos, fica velho aos 78 anos. Ou seja, ao se aposentar aos 60 anos, a pessoa ainda vai viver 20 anos sem saber o que fazer. Viverá uma vida fisicamente forte, mas psiquicamente perdida. Acho que no futuro será impossível distinguir estudo e trabalho de tempo livre, por causa das próprias atividades desse futuro.



O LUXO DO TEMPO

Nossos escritórios são gaiolas de vidro, terríveis, onde não nos sentimos bem. Somos obrigados a conviver com colegas antipáticos, com chefes muitas vezes mal-educados, comendo coisas péssimas... Mas ficamos o tempo todo lá. As empresas, aliás, fazem de tudo para trazer para dentro do ambiente de trabalho o bar, o restaurante, a creche, com o objetivo de evitar a saída dos funcionários. O tempo livre deve ser, sobretudo, o momento do luxo. O que é luxo hoje? No passado, luxo podia ser o dinheiro, os carros de muitas cilindradas ou os barcos. Hoje, as coisas raras são, sobretudo, o tempo, o espaço, o silêncio, a autonomia, a segurança. Estes são os grandes luxos para o século 21.



SOMOS ESCRAVOS DO SALÁRIO

Sempre existiu escravidão. Antes os escravos eram presos a correntes. Hoje podemos ser escravos da droga, do amor, do prazer. Levamos muitos séculos para nos libertarmos da escravidão. Depois, a tecnologia industrial ajudou a nos libertar do cansaço físico e de toda uma série de trabalhos terríveis, perigosos, nocivos à saúde. É hora, agora, de nos libertarmos do cansaço intelectual, do trabalho "residual". Isto implica o quê? Para começar, implica que não sabemos organizar o trabalho. Por que temos pais que trabalham 10, 12 horas por dia enquanto os filhos estão desempregados? A resposta é que não teríamos que fazer isso. Ninguém impede que pai e filho trabalhem 5 horas cada um. Ninguém nos impede de reorganizar a sociedade, de modo que o trabalho não seja o único salvo-conduto para ganhar um salário. Por que um estudante, um garoto de 20 anos, ganha um salário para trabalhar num banco e não pode ganhar o mesmo salário para continuar apenas estudando na universidade? Em muitos edifícios há elevadores e um garoto ou uma garota trabalhando como ascensoristas. São totalmente inúteis. Estão fechados numa caixa, mas, se não sobem e descem apertando o botão para nós, não recebem o salário. É uma loucura! Pode-se dar a esses jovens o salário e dizer: "Vá para a escola!" ou "Vá se divertir". Criamos uma sociedade na qual quem não trabalha ou não finge trabalhar não tem o direito de viver. É uma loucura total.



MOZART PODERIA TER SIDO AÇOUGUEIRO

Todos somos mais criativos em alguma coisa e menos em outra. Acho que Mozart ou Beethoven seriam péssimos matemáticos. Consta de suas biografias que eram péssimos no dia-a-dia. Beethoven, por exemplo, brigava com todos os senhorios. Só em Viena, mudou-se 30 vezes. Era incapaz de organizar sua vida cotidiana. Morreu num quarto desleixado, sujo, terrível. No entanto, na música, era gênio absoluto. A primeira coisa é entender em que somos criativos. Cada um é mais criativo em uma coisa do que em outra. Se Mozart não fosse filho de Leopoldo, que tinha uma grande paixão por música, e fosse filho de açougueiro ou de médico, seria açougueiro ou médico, e teríamos perdido um grande músico. A criatividade não é um ponto de partida - é um ponto de chegada. Criativo é quem é capaz de aliar o melhor daquilo que herdou da natureza ao aprendizado. Contam que uma senhora muito rica teria pedido a Picasso um retrato. Picasso o fez em segundos e cobrou muito caro. A mulher disse: "Mas isto só levou alguns segundos. Não deveria custar tanto". Ele respondeu: "Não foram alguns segundos. Eu levei a vida toda para pintá-lo".



AS MULHERES AGORA DETÊM O PETRÓLEO

A sociedade industrial nasceu do Iluminismo. Antes do Iluminismo, os fatos da natureza (raio, trovão ou uma epidemia) eram atribuídos ao desejo dos deuses ou do diabo, e assim por diante. O Iluminismo introduziu a racionalização. Os seres humanos têm condições de entender racionalmente os acontecimentos físicos e humanos e dominá-los. Um dos maiores iluministas foi Benjamin Franklin, o inventor do pára-raios. E o raio era o mais típico dos feitos caprichosos dos deuses, de Júpiter ou dos outros. Mas a indústria nascida do Iluminismo exacerbou o conceito de racionalização. Partiu do princípio de que tudo que é bom é racional.

Mais: o Iluminismo acrescentou que tudo que é racional é masculino e se refere à produção, e produção se faz na empresa. Tudo que é ruim, ao contrário, é emocional, e emocional é feminino, e feminino se refere à reprodução, e reprodução é feita em casa. Houve, portanto, uma cisão terrível entre os homens, que se atribuíram o poder e o monopólio do trabalho, e as mulheres, que foram deixadas em casa. Mas hoje nos damos conta de que as empresas não progridem sem idéias, e que isso requer fantasia, subjetividade, estética e emotividade. É como se, de repente, o petróleo fosse importante, e descobríssemos que você tem petróleo e eu não. O petróleo da era pós-industrial será criatividade, estética, emotividade, subjetividade.

Quem tem isso são as mulheres. Não é dádiva da natureza. É que nós (homens) nos descuidamos, e as mulheres as cultivaram. Era só o que podiam cultivar. De fato, hoje, nos campos de maior criatividade - no cinema, no teatro, na literatura, na imprensa, na televisão -, o número de mulheres cresce sempre mais. Caminhamos para uma sociedade em que a mulher é considerada à altura do homem. Isso não aconteceu por bondade do homem. As mulheres souberam lutar para impor essa realidade. Elas têm uma vantagem sobre nós. Podem ter filhos sem marido, e nós não podemos ter filhos sem mulher. Isso cria um desnível a favor delas.



GLOBALIZAR É UM INSTINTO HUMANO

Hoje se fala muito em globalização, mas, se perguntarmos a um executivo o que é mesmo globalização, ele não sabe. Globalização é quase um instinto humano. Os homens sempre procuraram globalizar seus conhecimentos. Primeiro, por meio da descoberta, da exploração e da cartografia de todo o planeta. Depois, com as grandes viagens. Com armas e mercadorias, tentou-se conquistar as regiões recém-descobertas do mundo. Depois, as conquistas se deram por meio dos capitais e das idéias. A Igreja a fez com os missionários. A CNN a faz através de sua rede de televisão. E o Brasil, por suas novelas. Hoje, temos tudo isso junto. Há todas as formas de globalização anteriores e temos que acrescentar que, pela primeira vez, há um "país" hegemônico, que tem seu exército em todo o planeta.

Pela primeira vez saímos de duas guerras mundiais. Pela primeira vez saímos de uma guerra fria. Pela primeira vez temos os meios de comunicação de massa. Com isso tudo, a globalização política passou a ser econômica e agora está se tornando psicológica. Temos dados desconcertantes: 32 milhões de pessoas por hora consomem Coca-Cola; 18 milhões de pessoas comem por hora um hambúrguer do McDonald's. Somos globalizados em tudo. Não só a economia foi globalizada. Nossa personalidade e nossos sentidos também. Vemos em qualquer lugar os mesmos filmes. Ouvimos em qualquer lugar a mesma música. Todos os aeroportos do mundo têm o mesmo cheiro. Vivemos em uma globalização psicológica, que, de um lado, transforma o mundo numa grande vizinhança e mescla as experiências, mas, de outro, aniquila as diferenças. E aniquilar as diferenças é terrível.

Organização para ganhar mais equilíbrio do seu tempo

Por Paula Oliveira

O correto aproveitamento do tempo não envolve somente planejamentos, mas a própria vida cotidiana como um todo. É com a organização básica praticada no dia-a-dia que adquirimos a habilidade em administrar o aproveitamento do tempo. Quem não tem organização pessoal acaba perdendo muitas oportunidades, desperdiçando recursos em excesso e direcionando esforços para as atividades erradas. O resultado muitas vezes é um estado de esgotamento, falta de motivação e ineficiência em conduzir nossa existência como um todo.

Quantas vezes na nossa vida profissional nós concluímos a jornada diária e temos a sensação de que não produzimos nada do que tínhamos programado? Se buscarmos os motivos pelos quais não produzimos tanto quanto gostaríamos, certamente concluiremos que o principal motivo foi à desordem, ou seja, a dificuldade em lidar com a interferência de fatores externos ou pequenas surpresas como, por exemplo, as solicitações de última hora por parte do chefe ou visitas inesperadas de clientes. Também a falta de planejamento e a má administração do tempo disponível, terminam nos levando a necessitar de mais tempo do que o necessário para realizar as atividades que tínhamos planejado para aquele dia.

Quantas vezes já precisamos de um telefone importante seja de um amigo, familiares ou até de clientes e não lembramos onde o anotamos? Por vezes vivenciamos momentos de angústia, aflição e estresse porque nosso chefe solicitou uma consulta a um relatório importante e não nos lembramos o nome e nem a pasta do computador onde o tínhamos arquivado ou necessitamos do endereço para correspondência de um cliente, mas não lembramos onde deixamos o cartão de visita dele?

Essas ocorrências simples ilustram o fator de desordem pessoal e o impacto dele em nosso rendimento profissional. Para superá-lo necessitamos desenvolver a capacidade de organização, visando manter o nosso negócio, não nos esquecendo que atualmente, no mundo corporativo, a competitividade entre as empresas e pessoas está cada vez mais exacerbada e sobrevive aquele que responde de forma mais rápida e é mais produtivo, ou seja, mais organizado.

Se não somos organizados podemos reverter esse quadro porque a capacidade de organização é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Não existe uma receita pronta, entretanto, é imprescindível ter disciplina e determinação para adquirir tal competência.

O primeiro passo é conscientizar-se do significado da capacidade de organização, ou seja, um conjunto de hábitos e métodos que influenciam diretamente no desempenho profissional e na vida pessoal. Pessoas que têm o dom nato da organização geralmente alcançam seus objetivos, concluindo seus projetos com qualidade e dentro dos prazos estipulados porque a base de dados e informações de que necessita estão sempre disponíveis e acessíveis, já que seus arquivos estão sempre em ordem, suas pastas identificadas e as agendas telefônicas atualizadas.

É importante salientar que uma pessoa organizada não significa o mesmo que ser metódica, que geralmente é caracterizada pela rigidez e inflexibilidade. Para ser organizado é preciso ser flexível, fator efetivo na auto-organização, e é a partir dele que conseguimos lidar com as interferências externas em nossas vidas, nos adaptando e atuando de forma mais coerente possível frente às adve

Mantendo o foco

Em fotografia, acertar o foco é primordial. Em algumas ocasiões é preciso ou interessante desfocar o assunto evidente para destacar o que há por trás dele. Esse desfocar é estar aberto a avaliar novas alternativas. Para saber quando agir assim é necessário ter em mente qual resultado deseja-se obter da foto. O mesmo ocorre na vida, onde manter o foco é fundamental.
Para manter o foco é primordial que a pessoa saiba o que quer.
Hoje em dia percebo que as pessoas estão fazendo o que é necessário, mas não necessariamente o que querem.
Há pessoas que não param e pensam o que querem da sua vida pessoal, da profissional, da familiar, da espiritual, enfim, deixam ser levadas pela vida.

Encontre o equilíbrio entre razão e emoção

O principal motivo pela falta de foco se dá quando agimos muito mais pela razão do que pela emoção, e para que sejamos pessoas ajustadas e equilibradas devemos cultivar o equilíbrio desses dois pontos em nossa personalidade. Exemplificando: procuro um trabalho só pela expectativa de renda, não importando se gosto de fazer isso ou não. Vou deixando de lado as minhas vontades e talentos em prol da razão.

Como reencontrar meu foco?

* Identifique seus talentos – na maioria das vezes escutamos quando crianças coisas do tipo “Olha como ele faz bem isso!” – basta lembrar desse tempo para identificar seus talentos

* Escute mais seu coração, respeite o que gosta de fazer – mesmo que essa atividade não seja tão lucrativa no começo, com o seu aperfeiçoamento você será um profissional bem sucedido;
* Trace metas pessoais, profissionais, familiares e espirituais, pergunte-se o que você realmente quer nesses setores de sua vida e acredite na sua capacidade de consegui-los.

Metas pessoais – o que você quer para você.
Metas profissionais – qual a atividade que fala ao seu coração e quanto quer ganhar por mês nessa atividade.
Metas familiares – o que você quer conseguir para sua família.
Metas espirituais – o que você quer fazer em prol dos outros.

Lembre-se que as metas pessoais, familiares e espirituais são conectadas às suas metas profissionais, pois não há como consegui-las sem que você esteja trabalhando e ganhando por esse trabalho. Então, o primeiro passo é colocar sua energia em suas metas profissionais.

Como saber se estou na atividade certa?

Estar na atividade certa é fazer algo porque gosta e não porque precisa. Como você acorda pela manhã, com a sensação de que vai se divertir ou com a sensação que tem uma obrigação a cumprir?
Faça a seguinte pergunta – Se eu tivesse na minha conta bancária 1 milhão de reais, mesmo assim continuaria nessa atividade? Se a resposta for sim, parabéns você está fazendo o que ama e com isso a sua probabilidade de ser bem sucedido é muito maior.
Se não estiver na atividade certa é hora de procurá-la.

A perda do foco pode estar relacionada a outros problemas?

Há problemas psíquicos que podem contribuir com a perda de foco.
O Transtorno de Déficit de Atenção é normalmente causado pela Síndrome do Pensamento Acelerado (é um exagero de pensamentos ocorrendo ao mesmo tempo causando um congestionamento mental) que é causada pela Ansiedade desmedida. Infelizmente a ansiedade é um problema muito comum nos dias de hoje com tendência a piorar. Esses problemas, se existirem, devem ser tratados.

Problemas gerados pela falta de foco:

* Diminuição da criatividade, falta de com

Profissionais Sem Foco

Foco não é uma coisa muito fácil de ter e manter, mas sem ele a produtividade vai literalmente para o ralo. Um profissional sem foco em uma equipe é um problema, por diversas razões, entre elas, ele é o primeiro a desfocar outros bons profissionais também. Sua baixa performance parece aos olhos dos outros profissionais, “bem vista”, se o líder não der um feedback pontual sobre o assunto.

O profissional sem foco é aquele que chega logo cedo na sua mesa e fala: “fiz tal coisa”, “você viu aquele assunto x?”, “nossa isso aqui ficou muito legal”, etc. Quando esse profissional faz alguma coisa ele gosta de mostrar aos quatro cantos, pra dizer que algo foi feito.

Eu coloco uma frase no meu MSN, de um autor que desconheço que acho fantástica, e que precisamos pregar na empresa para os desfocados:

"Quem quer fazer faz! Quem não quer, arruma uma desculpa.”

Profissional sem foco não é má pessoa, muito pelo contrário, na maioria dos casos ele nem percebe que perde seu foco e que mata o foco do time. Óbvio que existem os sem foco por má vontade e pura negligência, nesse caso é um profissional que precisa ser “deletado” da equipe.

Veja algumas dicas para lidar com profissionais sem foco na sua equipe:

1 - Dê um feedback franco e honesto sobre sua produtividade. Mencione a sua falta de foco com indicadores precisos.

2 - Ajude o desfocado a entrar na linha, você pode ser um guardião do foco alheio, para que a pessoa perceba seus momentos de perda de atenção e crie um hábito de policiamento pessoal.

3 - Planeje a semana com a pessoa, dê tarefas claras, com prazos limites e acompanhe esses prazos. Esteja aberto para que a própria pessoa negocie os prazos com você.

4 - Agenda uma tarefa para você verificar os itens do planejamento que foram feitos, elogie a conclusão e dê feedback caso as expectativas tenham ficado muito distantes da sua.

5 - Se nada adiantar é o momento de desligar a pessoa, por melhor que seja a capacidade profissional, a falta de foco consome o tempo do profissional e muitas vezes da equipe e isso é pior que encarar uma nova contratação.

A velha desculpa da falta de tempo

Uma das justificativas mais comuns do ser humano para adiar tarefas e compromissos é a falta de tempo. Mas será que muitas vezes o argumento não passa de mera desculpa?

Natalia Kfouri/MBPress

Falta de tempo. A célebre frase é usada com tanta freqüência que já se tornou um clichê. Disparada a todo momento, corresponde a uma espécie de mal do século. Homens e mulheres, dirigentes e funcionários, enfim, pessoas de todos os tipos estão sujeitas a seus efeitos.

“Há uma exigência pública para a qualidade de vida, o que impõe mais organização do tempo. É preciso balancear a vida profissional e pessoal para não gerar impactos”, diz Júlio Cezar Serri Turbay, diretor técnico da Comportamento Psicologia do Trabalho, de Curitiba (PR).

Muitas vezes, porém, o que ocorre é justamente a má gestão do tempo. Ou, ainda pior: a alegação de falta de tempo torna-se a desculpa perfeita para procrastinar tarefas. Trata-se de uma ação tão generalizada que poucos ousam questionar ou rebater a afirmação.

No ambiente corporativo, diversos funcionários reclamam do acúmulo de atribuições e do conseqüente tempo reduzido para a realização de suas obrigações. Contudo, é preciso analisar com atenção se realmente o profissional está sobrecarregado ou apenas encontrou um subsídio para seu comodismo.

Júlio Cezar explica que atualmente os profissionais são multifuncionais, mas o perfil de cada um também está ligado ao gerenciamento das demandas, pois enquanto alguns dispõem de potencial de gestão, outros encontram dificuldades em gerenciar a agenda. “É comum as pessoas falarem que não têm tempo em busca de status. Parece que quanto menos tempo, mais valorização”, prossegue.

Ainda de acordo com o especialista, esse tipo de atitude, apesar do “charme”, pode ser perigosa, pois as pessoas podem deixar de fazer o essencial. “Porém, também há profissionais que recusam novas demandas para se manterem em uma zona de conforto”, comenta Turbay. “Por isso, formação, treinamento profissional e preparo psicológico são importantes para lidar bem com os excessos de demanda”, complementa.

Fábio Ribeiro, monitor de mídias do setor de Governo da empresa de comunicação Box Net, de São Paulo, é um dos profissionais que sofre com prazos reduzidos. Entre suas atribuições, a principal é monitorar notícias sobre o Governo paulista em todos os tipos de mídia e veículos de comunicação. “Nossos prazos são reduzidos, temos que passar relatórios atualizados de hora em hora e, se no meio do trabalho surge algo que o cliente considere urgente ou algum tipo de controle noticioso específico, o ritmo e o fluxo de trabalho dobra”, conta.

Ribeiro recorda-se de uma situação em que foi incumbido a uma tarefa e precisou pedir a seu superior um prazo maior para entrega. Conseguiu. “Foi até engraçado, porque no fim cumpri a meta proposta inicialmente. Não sinto que fui acomodado, mas esse resultado veio porque me esforcei mais”, opina.

Alguns dos segredos para lidar com esse tipo de situação, segundo ele, são evitar as queixas, respeitar seus próprios limites e ser profissional acima de tudo. “Realmente, há dias em que se está indisposto e até passa pela cabeça recusar trabalhos, mas minha consciência fala mais alto que a preguiça ou o comodismo”, conclui.

É certo que a capacidade profissional pode ser comprometida se houver um acúmulo de tarefas. Independentemente da hierarquia, uma pessoa é capaz de executar um determinado número de obrigações dentro de sua carga horária de trabalho, e essa relação entre tempo e número de atividades interfere na qualidade e na produtividade do funcionário. “Uma avaliação inadequada do responsável por delegar tarefas pode sobrecarregar o funcionário, acarretando desempenhos insatisfatórios”, confirma Genival José Santana, diretor da Rege Consultoria Empresarial, de São Paulo.

Segundo o executivo, explorar o potencial do profissional é importante. Porém, cabe a ele saber dizer não quando se sentir incapaz de realizar a tarefa em tempo hábil e corresponder às expectativas. “Já estendi prazos para meus funcionários, mas isso é raro acontecer, porque planejamos e dividimos bem as tarefas. Procuro analisar o perfil, habilidades e pontos fortes deles”, conta Camila Mariano, gerente de atendimento da Catho Recursos Humanos, que comanda uma equipe composta por um coordenador, cinco supervisores e 90 funcionários.

Por isso, se há queixas da equipe sobre as funções desempenhadas e o prazo previsto para realizá-las, sentar, conversar e analisar o caso ainda pode ser a melhor saída para evitar a velha desculpa da falta de tempo.

A busca pela perfeição e a gestão do tempo

Até que ponto o alto grau de exigência na execução de tarefas pode comprometer a produtividade e afetar a boa gestão do tempo no ambiente corporativo?

Natalia Kfouri/MBPress

Ser exigente e detalhista na realização de um trabalho geralmente resulta em um produto final de alta qualidade. Porém, quando excedidos alguns parâmetros, a busca obsessiva pela perfeição pode não apenas prejudicar a saúde psicológica como, por conseqüência, comprometer o bom desempenho do funcionário, interferindo diretamente na eficácia e na produtividade profissional.

Segundo a psicóloga comportamental Valéria Lemos Palazzo, que atende na capital paulista, a sociedade ainda enxerga o perfeccionismo como uma qualidade. Contudo, essa visão aos poucos vem se modificando, sobretudo no ambiente corporativo. “Isso porque os profissionais perfeccionistas não conseguem ser flexíveis e ter foco em mais de uma tarefa”, justifica ela.

As pessoas com esse traço de personalidade normalmente tendem a levar suas tarefas até o fim e com excelência. Entretanto, gastam tempo demais para executá-las, fato que costuma criar problemas no que diz respeito ao cumprimento de prazos. (veja depoimento em box)

Especificamente no ambiente de trabalho, ao perseguir um grau de qualidade que considera ideal, mas que muitas vezes é classificado por colegas – e até mesmo superiores - como inatingível, o perfeccionista foca sobremaneira em um mesmo trabalho e, não raro, atravanca a evolução das demais atribuições que lhe foram confiadas.

Para tentar superar esse impasse sem comprometer a administração da carga horária de trabalho, a psicóloga recomenda que o profissional aprenda, primeiramente, a traçar metas reais. “Em um segundo momento, ele deve dar pequenos passos seqüenciais, mas sem tanta rigidez, e reconhecer aspectos positivos no trabalho desempenhado”, orienta.

Por mais que domine a teoria, o executivo Lucas Camargo, diretor comercial da Flipcomp, empresa de soluções tecnológicas localizada na zona leste de São Paulo, tem dificuldades para colocá-la em prática.

Funcionário meticuloso, ele admite que, em certos aspectos, tal característica prejudica sua rotina de trabalho e afeta diretamente a gestão de sua agenda. “Tenho mania de revisar todos os meus projetos”, diz. “Por isso, é comum ficar além do horário na empresa e também levar vários trabalhos para casa.”

De acordo com especialistas, a busca compulsiva pela perfeição não somente é uma ilusão como, em geral, pode ser considerada um tipo de comportamento indesejável, já que para tentar satisfazer seus padrões, seja no ambiente corporativo ou doméstico, a pessoa costuma desgastar-se física e emocionalmente além de um limite tido como tolerável.

Freqüentemente, os perfeccionistas também encontram dificuldades nos relacionamentos interpessoais. E mais: acreditam que sua maneira de agir é a correta e, por essa razão, mesmo que involuntariamente, esperam que todos ao seu redor tenham o comportamento por eles considerado ideal. “Para o perfeccionista, o tempo certo é o tempo dele”, conclui a psicóloga Valéria Palazzo.


“Sempre fico apertado com datas”*
* Lucas Camargo, diretor comercial da Flipcomp

“O mais difícil em ser perfeccionista é sempre me sentir insatisfeito.
Trabalho na área de tecnologia e, neste segmento, prazo tem muito a ver com credibilidade. Por isso, sempre me esforço para entregar tudo em dia.
O problema é que além de participar do processo de elaboração de projetos, também fico com a finalização dos mesmos. E, para um perfeccionista, essa é a parte mais complicada.
Como costumo rever todo o resultado, os prazos passam a ser um grande problema para mim. Por me apegar muito aos detalhes, sempre fico apertado com as datas de entrega.”

Delegar é ganhar tempo

Além de ser uma prática típica de líderes de destaque, saber repassar tarefas com critérios é uma eficaz saída para gerir melhor o tempo, cumprir prazos e metas e aumentar a produtividade no ambiente corporativo

Natalia Kfouri/MBPress

Para assumir uma posição de liderança, alguns requisitos são imprescindíveis. Delegar com eficiência é um deles.

Para assim fazê-lo, considerar habilidades e competências é o primeiro passo. Na prática, isso significa designar tarefas de acordo com o perfil de cada subordinado. Contudo, delegar não é simplesmente transferir atividades, mas sim dividir responsabilidades. “Um bom chefe não é aquele que manda, mas que comanda”, explica a psicóloga Ana Maria Tavares, da clínica Pró-atividade, no ABC paulista. Por isso, quando se ocupa um cargo de chefia, o recomendável é encontrar um ponto de equilíbrio tanto individual como coletivo.

Nesse sentido, o ato de delegar é fundamental para criar interação e senso de trabalho em equipe. A prática estabelece harmonia no ambiente de trabalho e demonstra a justa idéia de que cada pessoa é parte de um processo estratégico da empresa.

Além dessas soluções, a delegação também se apresenta como uma grande aliada da gestão do tempo. Implicando diretamente na otimização de resultados, uma boa administração de funções cria um fluxo constante de trabalho e, conseqüentemente, maior produtividade.

O ato de delegar é uma das bases do bom funcionamento de toda e qualquer corporação, já que ao designar tarefas o líder ganha mais tempo para se concentrar na gestão estratégica.

Compreende-se, com isso, que o gestor deve executar as tarefas mais importantes e repassar as mais funcionais e técnicas aos seus funcionários. Isso, naturalmente, sempre sob sua supervisão. “Um líder que não delega corre o risco de se perder no tempo, perder prazos e o foco estratégico de seu trabalho”, afirma João Batista, da Júnior Consultoria, de Campinas (SP). “Além disso, compromete e sacrifica sua vida pessoal, o que pode levar ao estresse.”

Reavaliar funções e redistribuir tarefas foi essencial para o trabalho do gerente de marketing Marco Aurélio Freitas, da T Art, fabricantes de tecidos de Minas Gerais. “Quando fui contratado, há dois anos, as palavras de ordem da empresa eram atrair clientes e aumentar a produtividade. Grande parte do processo ficou sob minha responsabilidade, mas para dar conta do recado precisei de uma equipe que me desse suporte operacional”, lembra ele.

Com a reestruturação de alguns processos produtivos, foi possível dinamizar a rotina de trabalho e gerar resultados positivos. “Não sei exemplificar em números o ganho de tempo, mas a empresa obteve um crescimento de quase 30%. Como tempo e produtividade são diretamente proporcionais, acredito que parte desse benefício é resultado do rearranjo de funções e setores da empresa”, prossegue Freitas.

Antes de delegar, porém, é preciso planejar – outro verbo diretamente relacionado à boa administração do tempo. Uma distribuição aleatória de atribuições pode causar não só o efeito contrário (o desperdício de tempo) como também gerar problemas com a qualidade do produto final e, assim, comprometer resultados. E, nesse caso, na hierarquia corporativa, quem responde primeiro é sempre o chefe.