Apesar de não ser considerada uma doença, em excesso ela pode causar problemas de saúde e prejudicar vida profissional. Por outro lado, se bem administrada, pode ser vista como incentivo para aumentar qualidade e velocidade na realização de tarefas
Rodrigo Capelo/MBPress
Enjoo, tontura e dores de cabeça. Estes são sintomas frequentes em pessoas que sofrem com ansiedade excessiva. Causada por situações adversas, ela é capaz, inclusive, de aumentar o risco de doenças cardíacas em até 40%, segundo estudo da University of Southern, da Califórnia (EUA).
O professor Felipe Cabral, 25, afirma que a ansiedade prejudica sua produtividade profissional. “Falto no trabalho com frequência devido a problemas físicos desencadeados por ela”, diz. Ele já procurou tratamento médico diversas vezes, sempre na esperança de que a causa dos sintomas fosse algum fator físico. “E praticamente todos me disseram a mesma coisa: tudo isso é causado por processos de ansiedade extrema.”
De acordo com o rapaz, a ansiedade se desenvolveu com o tempo. “Não tenho nenhum problema patológico, e sim algo que cresceu, entre outras coisas, por efeitos psicológicos do estresse”, prossegue Cabral.
A principal causa da ansiedade, segundo a psicóloga clínica Karen Camargo, é a antecipação a algum perigo que esteja prestes a acontecer. “Ou seja, a ansiedade sinaliza que algumas situações adversas estão presentes na vida da pessoa”, detalha.
Gerir o tempo, para a psicóloga, é uma tarefa difícil para pessoas ansiosas. “Elas geralmente têm dificuldade em permanecer no momento presente. Elas vivenciam o futuro, concentram-se em coisas que ainda irão acontecer, na tentativa de antecipar qualquer desfecho”, avalia. “Nesse sentido, podem não desfrutar do momento presente da melhor maneira e, assim, ter o tempo mal distribuído.”
Karen alerta para os problemas de saúde que a ansiedade pode trazer. “Ela não é uma doença, mas pode desencadear uma série de transtornos, tais como o transtorno do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de estresse pós-traumático, fobia social, fobias específicas e transtorno de ansiedade generalizada”, afirma.
Lado positivo
Há quem considere, porém, que a ansiedade é benéfica para o ambiente profissional. Elio Earli Vasconcelos Junior, 32, argumenta que, se o trabalho não depender de outras pessoas, o fato de ser ansioso o ajuda a produzir mais. “Há sete ou oito anos eu trabalhei 54 horas seguidas. O prazo da entrega era de 15 dias, mas consegui terminar em menos de três”, exemplifica.
Mesmo em relação à qualidade do trabalho executado, o profissional de marketing garante que não houve – ou há - prejuízo. “Faço 3 milhões de coisas ao mesmo tempo sem perder qualidade”, garante. Os malefícios, segundo ele, são os efeitos que a ansiedade causa, devido à falta de compromisso de outras pessoas.
A psicóloga Karen Camargo colabora com a tese de Vasconcelos Junior. “A ansiedade é um sentimento que nos prepara biologicamente para enfrentar situações de perigo”, define. Este sentimento, segundo a especialista, faz parte do sistema de defesa do ser humano e é o responsável pela sobrevivência da espécie. “Não é exagerado dizer que todos nós somos ansiosos – com variações, é claro –, pois isso é produto da seleção natural”, diz.
No entanto, é necessário aprender a lidar com a ansiedade. Quando Elio Vasconcelos se depara com algum problema no trabalho, costuma utilizar válvulas de escape, como cigarro, desabafos com amigos e até a crença religiosa. “O que importa é acreditar que, no fim, tudo dará certo”, defende.
Bom ou não, o argumento da fé tem respaldo científico. Pesquisa recente realizada na Universidade de Toronto, no Canadá, comparou reações cerebrais em pessoas de diferentes religiões e em ateus. Os resultados evidenciaram que, quanto maior a crença, menor o nível de ansiedade.
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